30.1.06

Ao vento

A mão que escreve esses versos
É a mão que faz a Guerra e que treme os passos
Esses passos que dividem o Tempo em pedaços
E o frio que atormenta a Paz em teus braços.

Porque nada cala o grito de quem ama
Porque a tudo estende o braço, na chuva e na lama
E sozinho, nada lhe conta, do que foi o Tempo em plena chama
Sozinho não lhe diz quem será aquela que ama!

Ó vento, leva-me contigo no teu regaço
Contigo irei onde o Tempo não é mais que uma linha, que um traço
da vida que não tive, que não terei.
No dia em que a terra se abrirá e que sem ti eu partirei.

Molero

16.1.06

O apático Silêncio da ternura.

Os silêncios são o leito que preenche o espaço que sobra por eu não estar aí.
Sinto a fantasia do teu olhar que não me vê, o silêncio com que me falas, a distância com que me tocas.
Ilusões que me agarram, amarram à tua frágil armadura da ternura.
Ternura que para ti é loucura,
Para mim é Silêncio.
As Palavras ocas com que embelezas o teu sorriso,
O intenso cheiro que transforma o teu grito em apático Silêncio da doçura.
Não é mais do que a amargura com que não estando aí, te beijo.

Molero

12.1.06

Porque

Porque é que continuas a chamar-me amigo
E deixas de entender que o meu sorriso é antigo
Porque é que ainda esperas pelo dia em que a minha voz te chama
E não choras comigo a lágrima com que o meu grito te ama
Porque é que não me dizes que um dia virás
E me escondes o teu sorriso como quem rouba o que trás
Porque é que o rio não desagua no mar
Mas a luz que te solta é a cor do meu olhar
Porque é que não me mostras o teu sopro cruel
Sempre que dizes que o vento é o teu sonho fiel
Porque é que me falas das montanhas que te esquecem
Mas escondes as linhas em que me escreves e que amanhecem
Porque não me dizes que um dia serás a sombra do olhar
E me calas a solidão com que não te quero encontrar
Porque que é que mentes quando falas comigo
E não mostras a cor da tristeza quando a alegria não faz sentido
Porque é que desistes de olhar o meu mar
E não me ouves dizer-te que um dia o sol abraçará o luar
Porque é que não me chamas para ouvir-te dizer
Que amanhã vou guardar o sonho em que para sempre te vou perder!
Porquê .


Molero

11.1.06

Hoje estavas nos meus olhos

Os teus olhos são
Como um som que se vê e se ouve no escuro em que estou contigo
Em dias em que assinas o meu nome numa folha em branco e me chamas amigo
Como naqueles gestos lentos, parados como são agora os meus
Em linhas de tinta sonolenta, louca, vazia de ti e de nós...e dos olhos teus
Como quem em sonho de um grito sussurante me escreve a dizer "Sim, és tu! Sim."
Em olhares que imagino cruzarem-se com os teus e oiço que são para mim
Em colcheiras que oiço no disco em que a tua voz é igual à minha razão
Em poemas que nunca escreveste mas que sinto como sacos cheios da tua emoção
Como as luzes que não se ligam...nem se desligam para ti porque nunca fez sentido
Como os sons que não se ouvem nem se vêm na luz em que tu estás comigo.

Molero

8.1.06

Sonho, és assim...

Manhã.
Neste dia em que me escrevo com letras soltas, leves, no teu imaginário,
Solitário.
Escondo aquilo que pensarias ser certo, inteiro,
Rotineiro.
Apareço-te, diante das costas, como quem deixa o sonho entrar em si próprio, nas mãos e nos ouvidos.
Como quem imagina a noite em plena Luz.
Como quem sozinho fantasia passear a meu lado o teu olhar,
Caminhar.
Enfim solto-me do teu dedo...que ainda me prende,
Surpreende. Por fim, entende.

Como a Noite. O Sonho. A Luz. A Solidão...em mim.
Num risco de memória das tuas letras, com o teu sorriso, és assim...

Molero