11.10.05

Palavras, palavras....palavras!

Juntavas palavras crueis,
Com mil folhas vestidas da nossa Verdade,
E encondias o teu afecto infiel, com os meus sonhos ocos da tua saudade.

E assinaste a tua condição de tristeza,
Que em mim passara sempre tão distante,
Como quem sente o Amor dissonante,
A nota convergente,
O beijo irreverente,
A Palavra que com outra Palavra fará o texto diferente.

E comigo separavas as frases do nosso livro
Como quem limpa a razão aos sentidos,
Como quem enche a emoção de pedidos,
Como quem imagina a vida sem si mesmo.

Molero

4.10.05

Tic tac


O tic tac do meu relógio de pêndulo bate como sentimentos.
O meu amor pela tua ausência ocupou o espaço que o afecto julgava dele.

Ressoava sobre os meus dedos a tua sombra cada vez mais distante e silenciosa,
Numa dança de luzes ocas e vazias,
Num sopro de brisas quentes e cortantes,
Numa linha de sentimentos severos e inebriantes.

Assim conseguiste dizer-me o 'adeus' pacífico e cordial que o meu corpo precisava de ouvir do teu.
Assim encontraste a minha solidão sem que eu alguma vez desse conta.
Assim fugimos do sonho que nunca nos faria felizes...
Pelo menos a mim.
Felizmente esse tic tac também se silenciou.

Molero