20.3.07

el viaje

todos los días hablo contigo, todos,
la noche negra en que te acuerdas de mis palabras
tocándote, tocándote,
como sueños libres, libres de mi boca,
libres de mi cuerpo,
de mi cuerpo,
como los días en que te vi, andando como pájaro, caminando
como el viaje de tus manos, de tus ojos
de tu boca, hablando solitaria con mis secretos y mis sueños
caminando como los días en que mis palabras tocaron tus ojos,
tocaran mi alma, pero si tus días terminan mis días,
con mis manos cerradas, como el viaje del día en que te vi,
no viéndote,
en que te vi,

en que te vi,
lentamente
los días caminan para mis manos
como pájaros para la negra muerte.

Molero

(agradecem-se correções a eventuais erros)

15.3.07

Sobre mim

se, como um pássaro,
os teus dias estagnassem num voo de gaivota,
num choro de criança,
ou num deslizar lento sobre minha mão,
lento, lento, se, como um pássaro,
te beijasse com a ternura secular de um choro,
de uma voz,
beijasse,
se ao menos, conseguisse ver-te frente a mim,
esvoaçando qual pássaro altivo,
qual gigante dos ares,
esvoaçando superior junto a meu choro,
se, como um pássaro,
os meus dias estagnassem no teu voo de gaivota,
chorando sobre mim

chorando como criança sobre mim.

Molero

8.3.07

Cinco

Tarde era o dia,
molhado na chuva,
urdiam sentados na leveza dos sons,
sonhados no tempo, agora sou novo,
agora quando eu era novo,
quando tinha cinco anos,
agora,
tarde era o dia,
e se,
sonhado no tempo, o tempo
dos cinco anos e das línguas de sal,
sonhava sentado sons que urdiam nas tardes de junho,
agora sou novo,
agora os sons que se arrastavam
na leveza dos pássaros calaram o dia,
calaram o dia
e não terei cinco anos nunca mais,
não terei,

tive.

Molero