24.10.07

Círculos

Um, dois, três, quatro quartos cruzados quebrados, cinco, seis senteias sentadas sedentas sede, sete sintinelas amarelas subindo subtis salpicadas sal, oito oitocentistas ouvidos outros orgulhos, nove novelos novos negros nãos, dez dezembros deixando doze dores doendo, doendo de dor, onze: tu.

Molero

15.10.07

AL #1

Acordo ainda sonhando, olho a cama, o quarto, o chão, não me escondo lá, abro portas, fecho portas, volto a olhar o quarto e não me vejo, não me vejo nele, mais tarde quase noite, tropeço em mim partido aos pedaços, esconsos, desencaixados e desprovidos de posições, desprovidos de sentidos, escorrendo em gotas, na janela, sobrevoo o quarto, a casa, e afasto-me, afasto-me, tão longe que não acordarei nunca mais, nunca mais. Mais.

Molero

5.10.07

Do pouco, o tudo

Quero
Voar
Num
Jardim
De
Micróbios.

Molero

3.10.07

Cinquentas

há chuva caindo em janelas em que não toco,
a chuva,
deitado aqui,
ouvindo o silêncio,
a noite e o rio,
de quando em vez relembro o vento lá para cinquentas,
mil novecentos e,
Cinzento,
e pó enchendo os vidros de onde então ouvia a chuva caindo,
agora o tempo mudou,
eu tenho-o,
e aqui estou,
caído,
absorto,
no pleno deleite da chuva e dos dias,
caído,
olhando a noite e o rio,
sabendo que nem eles te verão,

chegar.

Molero