3.10.07

Cinquentas

há chuva caindo em janelas em que não toco,
a chuva,
deitado aqui,
ouvindo o silêncio,
a noite e o rio,
de quando em vez relembro o vento lá para cinquentas,
mil novecentos e,
Cinzento,
e pó enchendo os vidros de onde então ouvia a chuva caindo,
agora o tempo mudou,
eu tenho-o,
e aqui estou,
caído,
absorto,
no pleno deleite da chuva e dos dias,
caído,
olhando a noite e o rio,
sabendo que nem eles te verão,

chegar.

Molero