7.7.06

De sorriso esguio

Aqui. A verdura dos teus sons, pernoito neles,
inspiro-lhes o sumo. Cais-me
dos dedos abaixo, como folhas moídas, como mortas,
e contaminam o sangue
negro do entristecer. Sem ti. Sem que me ocultes o escravo
pasto da ausência assaz. Cegueira dos mãos,
mudez dos olhos, derrotado pela
doença do sonho.
Pela dureza do veneno oculto.
Pernoito nos timbres da tua fala, rego-lhes o verde,
devolvo-lhes os dedos e as folhas e o sangue,
e o apelo da mão com sede de costas e de cabelos e de ouvidos. E fantasio
ter-te aqui, menina de olhos laços e mãos tímidas e casta pele.
Apareces-me na porta, na ignorância dos sentidos,
evocando noites de outra luz. De outro ar.
O veneno deste vácuo, ouço-lhe o verde, clarinho, sumo doce,
e declara que aqui o engano dos mãos já me cega, a dureza dos olhos já me cala

o sorriso esguio do amor.

Do meu.

Molero

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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