17.9.06

Verbo do amanhã

Escorre-me nas mãos o
sangue. É profunda a vermelhidão que destila.
Um som pantanoso.
Os verbos aqui devorando os ramos
e os cotovelos e os ombros,
brisa do sopro divino.
A água vestida de sangue. A água com a força das
entranhas íntimas. Intimamente.
Prendo esta força, e bebo a água viscosa. Estou
branco de sonho, impreciso, fosco, oco de versos,
baço de verbos. A escuridão que a brisa dos sons me
pinta na boca. Invadir campos abertos. Escorre-me
nas mãos o verbo do amanhã,

morrer.

Molero