3.3.06

Um dia só

Naquela manhã fez-se a primeira página de um dia só
nosso, em que rasgámos o sonho de uma tarde de linho
e lã, e de terra. Vermelha como os olhos nossos, talvez um café
inanimado, parado, como as pernas nossas, e de pé
erguemos os olhos ao chão, como cães
submissos ao amor que unia nossas bocas.
Sentámos o grito que pensámos, parámos as vozes ocas
do relógio da discórdia. Nasceu a paixão de respirar
sons comuns, vistas gémeas, corações copiados
amados. Vim a este lugar passados três meses,
para olhá-la novamente

nascer.

Molero