7.2.06

Na minha cinza

Fecha-me o olhar e continuarei a ver o teu sorriso,
tapa-me os ouvidos e ouvirei a tua voz.
Até sem pernas chegarei até ti.
Até sem voz te conseguirei chamar.
Corta-me os braços: continuarei a acariciar a tua face,
com as palavras como se tivesse mãos.
Mata-me o corpo e sentir-te-ei no pensamento.
Se ainda assim me eliminares o pensamento,
permanecerás na minha cinza.
Para sempre.

Molero

(variação do poema 'No meu sangue' de Rainer Maria Rilke)