Agora
Os poemas caem sobre os cantos da sala grande.
Vão caindo como folhas sobre o castanho do chão,
inerte, parado recebe o perdão
que trazem na sua curva pingada, a espaços lenta.
É essa a palavra que preciso de dizer-te agora,
não me sai, nunca me saiu. Presa nas portas do medo,
incauta nas escadas do temor, do dano. Mas
quando o sol estiver quadrado e o mar esvaziado
em que nenhuma folha mais houver para cair,
sairão como pombas livres, encarnado sentir,
as palavras que agora não digo. Volto
os olhos para trás, olho o chão e não falo. E
riscando falas no papel do engano, sorrio-te.
Cerro as portas da sala e espero que a palavra possa, sem ar,
um dia
morrer.
Molero
Vão caindo como folhas sobre o castanho do chão,
inerte, parado recebe o perdão
que trazem na sua curva pingada, a espaços lenta.
É essa a palavra que preciso de dizer-te agora,
não me sai, nunca me saiu. Presa nas portas do medo,
incauta nas escadas do temor, do dano. Mas
quando o sol estiver quadrado e o mar esvaziado
em que nenhuma folha mais houver para cair,
sairão como pombas livres, encarnado sentir,
as palavras que agora não digo. Volto
os olhos para trás, olho o chão e não falo. E
riscando falas no papel do engano, sorrio-te.
Cerro as portas da sala e espero que a palavra possa, sem ar,
um dia
morrer.
Molero
2 Comments:
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