3.11.07

Sinfonia às gaivotas

O mundo existe, respiramos, comemos,
Há poemas e pétalas que nascem e morrem sem que pestanejemos,
Há mãos acariciando corações,
Olhares aconchegando suspiros e convulsões,
A casa,
Regressamos aos cinco anos em cada inspiração,
Uma canção entoada por vozes amigas
Próximas e distantes,
E duas gaivotas que esvoaçam como antigamente,
Perdidamente,
Subitamente,
Mente,
Há amigos como poemas e pétalas que nascem,
Nascem,
Secam,
Nascem de novo,
Que esvoaçam tão velozes,
A casa,
Regressamos à casa onde os afectos são
Móveis, talheres e janelas,
A casa,
Um vento inquieto separa as folhas do próximo Outono,
Do próximo som,
Da próxima palavra,
Poema,
Do próximo amigo que
Respira,
Inquieto,

Como poemas e pétalas
Que nascem.
Sem fim.

Molero