26.3.08

número vinte e três

Continuo sozinho e a sala cheia, árvores sorrindo
como noites adormecidas e caladas,
continuo sentindo salas e casas vazias,
enquanto cheias e apenas eu sozinho, há
poemas florindo em árvores conjugadas em tempos
de passado perfeito,
tornado e calado,
continuo com gente ocupando-me
sem que realmente alguém me ocupe,
transmute,
e sinto os tempos passando em
comboios e bicicletas esverdeadas,
pálidas e concentradas,
como palavras continuadas sozinhas,
abertas e esventradas,
continuo procurando sílabas e interjeições
por entre o pó e a névoa,
a névoa do passado sussurrando aos pavões,
sincopando em eterna usura,
doçura esverdeada e fugaz,
o poema faz com que um dia
igual ao seguinte,
sinto que continuo sozinho
numa sala cheia, cheia de

mim.

Molero

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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1:38 da tarde  

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