6.2.05

'PAÍS EM inho'

Nada me parece mais pertinente nem adequado do que relembrar a dissertação poética de Manuel Alegre, nesta época de decisão política e fazer-nos pensar e constatar como este país é revoltantemente acomodado com a falta de energia que germina nas vísceras da Alma lusa.

"É preciso (como diz o Torga) correntes de ar
pois falta ó Cesariny é verdade que falta
por aqui uma grande razão.
(Que não seja só uma palavra). Falta uma fúria.
Neste país lamúria. Neste país lamúria.

Um pouco mais de brasa. Ou se preferem
(como diria Mário Sá-Carneiro)
um pouco mais de golpe de asa. Pois falta ó Breton
um amor louco (laico e louco)
Neste país do pouco. Neste país do pouco.

(...)
Pois falta aqui o verbo ser. E sobra o ter.
Falta a sobra e sobra a falta. Ó proletários da tristeza
falta a ciência mais exacta: a poesia.
E há muito já que um poeta disse: É a Hora.
Neste país de aqui. Neste país de agora."

Molero.