12.9.07

espelhos

, um homem que fazia de um dia um sonho
à força de pernas e de dedos
, um rio que corre
corre
corre
percorre
, um rio que corre sobre um braço de sangue
montanhas que se alongam como línguas beijando
, um dia feito do barro do sonho
peladado com as pernas dos homens
peladado à força de lágrimas e de ais
, e espelhos olhando espelhos que reflectem espelhos
que me reflectem
e, no fim de tudo, um homem
que fazia de um dia um sonho
escreve:

eu.

Molero