21.10.06

Outro nasce

No mundo ferrugento dos canhões sucumbem os sons,
engordam as migalhas e a dor. Nas suas faces loucas vazam os sorrisos
cinzentos, quase negros, das palavras. Porque flutuam. Porque
enganam. Porque matam. Matam-nos.
Sorrisos e canhões soltos. Na liberdade dos opostos. E as
faces cinzentas, quase negras, a soprar-nos
a cara, os olhos e as migalhas. Meu sonho
move-se, por entre sopros, por entre ventos convulsos, pelas veias
e gritos afogados, na cinzenta água da ferrugem. E, num desejo
verde farto, esqueço-te nas migalhas do emergente nascer de outro

sonho.

Molero

9.10.06

No inicio era o verbo

Esconde-se. O
vento petrifica-se nos meus olhos, a
oxigenação do sentidos,
escondo,
a perfeita sepultura da voz,
escondes,
o paraízo sonoro do olhar,
esconde,
a textura do inferno eterno eternamente,
escondemos,
a origem do tudo que o nada humilha,
escondeis,
o nosso olhar duplicado em
palavras respiradas em ventos assim,
o vento de rocha estende-me nas mãos o
fim de todas as vozes,
que te

escondem.

Molero